Pato Fu, pop rock e a música eletrônica

Pato Fu, pop rock e a música eletrônica

A banda mineira Pato Fu é um exemplo icônico de como a música brasileira pode se reinventar constantemente, explorando novos sons e tecnologias. 

Fundada em Belo Horizonte no início dos anos 90, o grupo é reconhecido por sua abordagem inovadora e criativa na produção musical. Neste post, vamos explorar a conexão entre a banda e o uso de aparatos tecnológicos em sua música, destacando os discos “Rotomusic de Liquidificapum” e “Ruído Rosa“, além de abordar o impacto do pós-punk brasileiro e a relação entre tecnologia e cultura.

Pato Fu e a Música Eletrônica

Desde o início, a banda mineira mostrou uma predisposição para experimentar com diferentes sonoridades e tecnologias. O álbum de estreia, “Rotomusic de Liquidificapum” (1993), já trazia essa mistura única de rock alternativo com elementos eletrônicos. Utilizando sintetizadores e samplers, o conjunto criou uma sonoridade inovadora que chamou a atenção da crítica e do público.

No segundo disco, “Gol de Quem?” (1994), a faixa “Vida de Operário” é um bom exemplo do uso de bateria eletrônica e samples para criar uma atmosfera diferenciada. Em entrevistas, o grupo falou sobre o fascínio pelo som da bateria eletrônica, que permitia uma precisão rítmica e sonoridades únicas que seriam difíceis de alcançar com uma bateria acústica tradicional. Esta abordagem continuou em “Ruído Rosa” (2001), onde o uso de tecnologia na produção se tornou ainda mais evidente.

Ruído Rosa” é um marco na discografia da banda, lançado em 2001, consolidando o uso de instrumentos não convencionais, como o teremim, que adiciona uma camada etérea e quase sobrenatural às composições. 

O teremim, um dos primeiros instrumentos musicais eletrônicos, é tocado sem contato físico, controlando o campo magnético ao redor do instrumento. Em várias entrevistas, Fernanda Takai e John Ulhoa — vocalista e guitarrista do Pato Fu, respectivamente, além de parte fundadora do grupo — mencionaram como o teremim trouxe novas possibilidades sonoras e desafiou a forma como compunham suas músicas.

O Pós-Punk Brasileiro

Para entender a evolução sonora do grupo musical mineiro, é essencial olhar para o cenário do pós-punk brasileiro, especialmente em Belo Horizonte. Uma banda que merece destaque é a Divergência Socialista, um grupo influente na cena underground dos anos 80.

Embora não tenha alcançado o mainstream, Divergência Socialista foi crucial para a formação de uma mentalidade experimental na música mineira.

Mark Fisher, escritor britânico e crítico cultural, abordou em seus escritos como o pós-punk foi um movimento que transcendeu barreiras musicais, incorporando elementos de diferentes gêneros e explorando novas tecnologias. O impacto desse movimento pode ser visto na trajetória do grupo, que absorveu essa influência e a transformou em algo singular no cenário musical brasileiro.

A Divergência Socialista, com suas letras politizadas e som cru, também pavimentou o caminho para que bandas como a mineira pudessem experimentar sem medo de romper com as convenções do rock tradicional. Esse espírito de inovação e experimentação foi essencial para a criação de álbuns que exploram a fronteira entre o acústico e o eletrônico, o orgânico e o sintético.

Tecnologia e Cultura

A conexão entre o conjunto e a tecnologia vai além do uso de instrumentos eletrônicos. A banda sempre buscou integrar novas tecnologias em seus processos criativos e de produção. Isso reflete uma visão cultural onde a tecnologia não é vista apenas como uma ferramenta, mas como uma extensão das capacidades humanas de criação e expressão.

Em várias entrevistas, os membros da banda mencionaram como a tecnologia permitiu que eles ultrapassassem limites e encontrassem novas formas de se expressar musicalmente. 

O uso de software de produção musical, samplers, e outros aparatos tecnológicos tornou-se parte integrante da identidade sonora do grupo. Eles mostraram que a tecnologia pode ser uma aliada poderosa na busca por novos sons e na criação de músicas que ressoem com o público de maneiras inovadoras.

A banda também fez questão de explorar as possibilidades do vídeo e da internet como formas de conectar-se com seu público. Isso é evidente em projetos como “Música de Brinquedo”, onde o grupo regravou clássicos do rock com instrumentos de brinquedo, utilizando tecnologia digital para produzir e divulgar o projeto de forma criativa.


Gostou do conteúdo? Então você não pode perder o primeiro episódio da nova temporada do podcast FASE 2, onde é explorada em detalhes a conexão entre o Pato Fu e a tecnologia. Descubra histórias inéditas e curiosidades sobre como essa banda mineira inovou ao incorporar aparatos tecnológicos em sua música.