Life is Strange

Quando o estado investe na produção de games

A produção de games é uma indústria crescente e dinâmica, que tem atraído cada vez mais atenção de investidores privados e, em muitos casos, de governos ao redor do mundo. O investimento estatal no mercado de games não é uma novidade; ele ocorre tanto para impulsionar a economia quanto para promover a cultura e a tecnologia.

Governos reconhecem que os games podem ser uma poderosa ferramenta de desenvolvimento econômico e social. Este apoio pode vir de diversas formas, como subsídios, incentivos fiscais e programas de aceleração para desenvolvedores de jogos. Esse suporte é crucial para ajudar novos talentos a emergir e para manter a competitividade das empresas estabelecidas no mercado global.

Gilberto Gil e a produção de games nacionais

No Brasil, a produção de games também tem recebido atenção significativa do governo. Um marco importante foi o período em que Gilberto Gil esteve à frente do Ministério da Cultura. Durante seu mandato, houve um reconhecimento da importância da cultura digital, incluindo a produção de games, como parte essencial da cultura contemporânea. Gil defendeu a criação de políticas públicas que favorecessem a inclusão digital e a democratização da produção cultural.

Entre as ações impactantes de Gilberto Gil estão a criação do Cultura Viva e dos Pontos de Cultura, programas que visavam apoiar iniciativas culturais em todo o país, incluindo aquelas relacionadas ao desenvolvimento de games. Esses programas forneciam infraestrutura, recursos e formação para coletivos e pequenas empresas culturais, abrindo caminho para a inclusão digital e fomentando a produção de games como uma forma de expressão artística e cultural.

Além disso, Gilberto Gil promoveu a Lei Rouanet e o Fundo Nacional de Cultura como meios de financiamento de projetos culturais, incluindo os de tecnologia e inovação, permitindo que a indústria de games se beneficiasse desses recursos.

Os exemplos da França e do Canadá

Do outro lado do Atlântico, a França e o Canadá são exemplos notáveis de como o investimento estatal pode transformar o mercado de games em um setor vibrante e lucrativo.

A França, por meio do programa CNC (Centre National du Cinéma et de l’image animée), oferece subsídios e créditos fiscais para desenvolvedores de jogos. Este suporte tem ajudado a transformar o país em um dos líderes europeus na produção de games. Empresas francesas, como a Ubisoft, têm alcançado sucesso mundial graças a esses incentivos. Um exemplo notável é o jogo “Life is Strange“, desenvolvido pela Dontnod Entertainment, que recebeu apoio financeiro do CNC e se tornou um sucesso global, elogiado por sua narrativa inovadora.

O Canadá, particularmente a província de Quebec, também tem se destacado por suas políticas de incentivo à produção de games. O governo oferece créditos fiscais generosos para empresas de tecnologia e entretenimento digital, o que atraiu grandes estúdios internacionais para se estabelecerem na região. Cidades como Montreal e Vancouver tornaram-se polos de desenvolvimento de jogos, impulsionando a economia local e gerando milhares de empregos. “Assassin’s Creed” e “Far Cry“, ambos da Ubisoft Montreal, são exemplos de franquias de sucesso que beneficiaram desses incentivos. Outro exemplo é o jogo “Cuphead“, desenvolvido pelo Studio MDHR com apoio do governo canadense, que se tornou um fenômeno global devido ao seu estilo artístico e gameplay desafiador.

Exemplos do Brasil

No Brasil, embora ainda haja um caminho a ser percorrido, já existem alguns exemplos de sucesso na produção de games com apoio estatal. Programas como o BNDES Procult e o Ancine Games têm sido fundamentais para o desenvolvimento do setor. O BNDES Procult, por exemplo, oferece linhas de financiamento para empresas de produção de games, facilitando o acesso a recursos que são essenciais para o desenvolvimento e a comercialização de novos jogos.

Além disso, estados como São Paulo e Pernambuco têm se destacado na criação de iniciativas locais. Em São Paulo, o programa SP Cine Games oferece editais de financiamento para desenvolvedores de jogos, incentivando a produção local. Pernambuco, por sua vez, tem o Porto Digital, um parque tecnológico que oferece suporte a startups de tecnologia, incluindo estúdios de games.

A produção de games no Brasil também tem ganhado destaque internacional, com jogos como “Dandara“, da Long Hat House, e “Horizon Chase“, da Aquiris Game Studio, que alcançaram reconhecimento global. Esses exemplos mostram que, com o apoio adequado, o Brasil tem potencial para se tornar um grande player no mercado internacional de games.

Trailer do game mineiro “Dandara”

Conclusão

O investimento estatal na produção de games é uma estratégia eficaz para impulsionar a economia, promover a cultura e fomentar a inovação tecnológica. 

Países como França e Canadá são provas concretas de que políticas de incentivo podem transformar o setor e colocar seus países no mapa global da produção de games. No Brasil, iniciativas como as defendidas por Gilberto Gil e programas estaduais e federais estão começando a mostrar resultados promissores.

Para saber mais sobre como o investimento estatal está moldando o futuro da produção de games no Brasil e no mundo, ouça a primeira temporada do podcast FASE 2, onde abordamos esses temas em detalhes. Não perca!