Como usar a Pixel Art como estilo e não como apelo da nostalgia

Como usar a Pixel Art como estilo e não como apelo da nostalgia

A Pixel Art, uma técnica visual icônica no mundo dos games, transcendeu suas origens humildes e se tornou uma forma de arte respeitada. Com raízes nos primeiros jogos de vídeo game, este visual é muitas vezes visto como um apelo nostálgico. 

No entanto, este segmento de arte digital tem potencial para ir muito além da nostalgia. Neste post, vamos explorar o que é Pixel Art, como ela pode ser usada como uma técnica de design eficiente e os problemas associados ao uso excessivo da nostalgia.

O que é Pixel Art?

Pixel Art é uma forma de arte digital onde as imagens são criadas e editadas ao nível do pixel, resultando em gráficos visivelmente pixelados. Este estilo foi amplamente utilizado nos jogos dos anos 80 e 90 devido às limitações tecnológicas da época. Jogos como “Super Mario Bros“, “The Legend of Zelda“, e “Final Fantasy” são exemplos clássicos de artes pixelizadas. A simplicidade e a clareza desses gráficos permitiram que os desenvolvedores criassem mundos ricos e detalhados dentro das limitações dos sistemas de hardware da época.

Pixel Art, a base dos minigames antigos — Foto de Marko Blazevic

Na era moderna, títulos como “Celeste“, “Stardew Valley” e “Shovel Knight” continuam a utilizar essa técnica, não apenas por seu apelo nostálgico, mas também por sua estética única e capacidade de criar atmosferas envolventes. Esses jogos demonstram que a técnica dos bytes e pixels pode ser utilizada para contar histórias complexas e emocionantes, oferecendo aos jogadores experiências imersivas e gratificantes.

Além disso, a Pixel Art permite que os desenvolvedores explorem estilos artísticos inovadores, combinando o charme retrô com elementos modernos.

Design para além da nostalgia

O design pixelizado pode ser utilizado como uma técnica de design eficiente, não apenas como um recurso nostálgico. Uma das vantagens significativas desse estilo é a redução no consumo de processamento de dados. 

Em comparação com gráficos 3D ou imagens de alta resolução, a Pixel Art demanda menos recursos de hardware, permitindo que jogos rodem suavemente em uma ampla gama de dispositivos, incluindo aqueles com menor capacidade de processamento. Isso é especialmente importante no desenvolvimento de jogos indie, onde os orçamentos são frequentemente limitados e a otimização dos recursos é crucial.

Além disso, a simplicidade da Pixel Art pode resultar em tempos de desenvolvimento mais rápidos e custos reduzidos. Criar gráficos 3D complexos requer uma equipe maior e mais tempo, enquanto aquiles com um menor número de pixels pode ser produzido por equipes menores e em menos tempo. Isso permite que os desenvolvedores indie tragam suas visões criativas à vida de maneira mais eficiente e acessível. Outro ponto interessante é que a arte pixealizada também facilita a portabilidade de jogos entre diferentes plataformas, ampliando o alcance e a acessibilidade dos títulos.

A Pixel Art, portanto, não é apenas uma escolha estética, mas uma decisão prática que pode influenciar o sucesso comercial de um jogo. Ao optar por esse estilo, os desenvolvedores podem concentrar seus recursos em aspectos importantes como a jogabilidade e a narrativa, oferecendo experiências ricas e envolventes aos jogadores.

Os problemas da nostalgia

Embora a nostalgia possa ser uma ferramenta poderosa para atrair e engajar jogadores, ela também apresenta desafios. Estudos indicam que a nostalgia excessiva pode ser problemática, pois pode criar uma visão idealizada e distorcida do passado. Em casos extremos, essa idealização pode ser explorada por ideologias extremistas. Por exemplo, pesquisadores como Federico Finchelstein argumentam que movimentos fascistas e nazistas frequentemente manipulam a nostalgia para promover uma visão utópica do passado que nunca existiu, buscando legitimidade para políticas reacionárias.

Essa manipulação da nostalgia pode resultar na glorificação de aspectos históricos que não merecem ser celebrados, distorcendo a realidade e alimentando ideologias perigosas. No contexto dos jogos, é importante que os desenvolvedores sejam conscientes do impacto potencial de apelar exclusivamente para a nostalgia. Ao criar jogos que olham para o futuro e celebram a inovação, os desenvolvedores podem evitar a armadilha de romantizar um passado idealizado.

Conclusão

A Pixel Art é uma técnica de design versátil que oferece muito mais do que um simples apelo nostálgico. Sua capacidade de reduzir o consumo de processamento e de se adaptar a diferentes plataformas a torna uma escolha prática e eficiente para desenvolvedores de jogos. No entanto, é crucial estar atento aos problemas que a nostalgia pode trazer, evitando a idealização excessiva do passado.

Para saber mais sobre as conexões entre cultura, tecnologia e design, ouça a primeira temporada do podcast FASE 2. É uma excelente oportunidade para aprofundar seu entendimento sobre esses temas e descobrir insights valiosos com especialistas da área.